segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sobre ser responsável pelo que cativou

18:30. Céu nublado, vento frio, forte e uma chuva que ameaçava engrossar e desistia – assim como ela, sempre que se sentia pressionada, fosse pela sociedade como um todo ou por suas próprias paranoias cuidadosamente criadas e cuidadas.

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- Oi – atendeu o telefone com um sorriso terno, sentada no banheiro, encarando a parede preta com a placa “Sorria, você está sendo filmado!” - cujo nome, naquele momento, deveria ser "Sorria, pois um dos maiores motivos do teu riso acaba de chegar!"
Do outro lado, aquela voz. Aquela... a que sempre traz consigo calma, segurança, ares de lar, de cais, de segurança. Aquela voz que há tanto tempo não se ouvia e que chegou como música aos ouvidos, composta em tom menor.
- Oi. Como você está? – “Como estou? Puta merda, não sei nem como cheguei à faculdade hoje cedo!”
- Estou bem, e você? – “Eu sei que não está tudo bem com você, sei que não posso fazer absolutamente nada concreto para que fique tudo bem, então cá estão meus ouvidos e meu coração, abertos, teus.”

Depois de algum tempo, de confissões, desabafos e uma vontade absurda de simplesmente ficar abraçada, em silêncio, sentindo apenas as batidas do coração, veio a conclusão de que não importa quanto tempo passe, quais rumos a vida tome nem o quão bagunçada esteja, sempre haverá aquele porto seguro, aquele lar, aquele ninho quentinho e aconchegante, que mesmo longe, cuida, acolhe e é capaz de sanar quaisquer dores e angústias, simplesmente pelo fato de existir, de ser.