18:30. Céu nublado, vento frio,
forte e uma chuva que ameaçava engrossar e desistia – assim como ela, sempre
que se sentia pressionada, fosse pela sociedade como um todo ou por suas
próprias paranoias cuidadosamente criadas e cuidadas.
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- Oi – atendeu o telefone com um
sorriso terno, sentada no banheiro, encarando a parede preta com a placa “Sorria,
você está sendo filmado!” - cujo nome, naquele momento, deveria ser "Sorria, pois um dos maiores motivos do teu riso acaba de chegar!"
Do outro lado, aquela voz. Aquela... a que sempre traz consigo
calma, segurança, ares de lar, de cais, de segurança. Aquela voz que há tanto
tempo não se ouvia e que chegou como música aos ouvidos, composta em tom menor.
- Oi. Como você está? – “Como
estou? Puta merda, não sei nem como cheguei à faculdade hoje cedo!”
- Estou bem, e você? – “Eu sei que
não está tudo bem com você, sei que não posso fazer absolutamente nada concreto
para que fique tudo bem, então cá estão meus ouvidos e meu coração, abertos, teus.”
Depois de algum tempo, de confissões,
desabafos e uma vontade absurda de simplesmente ficar abraçada, em silêncio,
sentindo apenas as batidas do coração, veio a conclusão de que não importa
quanto tempo passe, quais rumos a vida tome nem o quão bagunçada esteja, sempre
haverá aquele porto seguro, aquele lar, aquele ninho quentinho e aconchegante,
que mesmo longe, cuida, acolhe e é capaz de sanar quaisquer dores e angústias,
simplesmente pelo fato de existir, de ser.
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