Há alguns
dias, estava mexendo no bloco de notas do celular e me deparei com o seguinte: “amar
em terceira pessoa é fácil -> escrever sobre”. A única coisa que consigo
lembrar é que essa anotação foi feita antes de dormir em alguma noite que já se
perdeu no tempo e levou consigo o que eu tinha a dizer sobre “amar em terceira
pessoa ser fácil”. Simplesmente não consigo estabelecer algum tipo de conexão
com a frase e meus sentimentos, o que torna impossível escrever.
Mas como
cabeça de aquariana é um poço de devaneios, decidi escrever sobre como estou me
sentindo após uma febrinha de 38,7 º. Acho que nunca senti tanto frio assim. Não
sabia se me cobria, se tomava um banho escaldante, se tomava antitérmico ou se
chorava (sim, estava com tanto frio e dor no corpo que deu uma puta vontade de
chorar). Optei pelo banho escaldante e meus cobertores. Óbvio que a febre não
cedeu e tive que tomar um antitérmico e esperar pacientemente.
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Conforme a
febre foi cedendo, senti como se ela levasse embora de mim inúmeros sentimentos
que o tempo tornou obsoletos, que ficarão apenas em minha memória, como pétalas
desbotadas e sem perfume, colocadas num quadro pendurado na tal “parede da
memória”, mas sem doer. Sim, sem doer... essa é a parte mais fascinante. Nunca
me passou pela cabeça ter quadros indolores nessa parede. Todos os que até
agora foram pendurados nela, me fizeram sentir como se tivessem sido brutalmente
arrancados de dentro do meu peito e pendurados ainda pulsando, morrendo
lentamente, numa espécie de niilismo existencial.
Agora, entre
Halls menta-prata, Sam Smith, Marlboro Gold e uma tosse hiper chatinha, consigo
sentir meu corpo mais leve e meu coração limpo, florescendo novamente
entre brincadeiras bobas, gargalhadas, apelidinhos escrotinhos, caretas, coices
e ternura.
Me sinto
leve e livre. Sem febre, sem dor, sem quadros com sentimentos amputados
pendurados na parede, sem pesar, sem temor.
Me
sinto em paz.
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