domingo, 17 de abril de 2016

Crônicas do Cotidiano XIV - E o amor, vó?



-Vó, a senhora acredita em amor perfeito, mesmo que esse "perfeito" seja extremamente subjetivo?


Imagem
-Ih, minha filha, já acreditei, viu? Aquela fantasia linda, de que alguém que se encaixe nas nossas expectativas, tenha as neuroses compatíveis com as nossas, nos ame incondicionalmente e tenha disposição de cuidar das feridas no nosso coração, assim, de graça, é uma invenção linda da nossa alma. O que você pode dar a sorte de encontrar na vida, e que chegará mais perto disso, será alguém que irá te oferecer a amizade mais pura possível. Fora isso, são todas idealizações nossas. Nunca haverá uma pessoa aberta a uma relação dessas, seja por quais motivos forem. Pode ser tudo perfeito, mas sempre haverá "aquele" porém, que, sendo pessoal ou consequência da vida, será como o vento, lentamente destruindo o seu castelinho de areia, construído, algumas vezes, a quatro mãos, repleto de ilusões e sentimentos em cada grão. Por isso, filha, nunca entregue seu coração em uma bandeja, nunca faça de outro coração o centro de sua vida, a razão dos seus sorrisos. O peso das suas lágrimas pode, a qualquer momento, encharcar seu coração, fazê-lo desabar no chão, na realidade, e, vá por mim, isso dói imensamente.

Cuida desse diamantezinho que você carrega aí dentro e procure não deixar que a vida o lapide demais, ele pode acabar virando um pedacinho ínfimo de algo que é tão grande e belo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário