Semana
passada, navegando no Spotify, conheci uma música do Emicida com a Vanessa da
Mata, Passarinhos. Foi amor à primeira vista. A letra me deixou bastante reflexiva
e a melodia me encantou. A harmonia com que as notas dançam umas com as outras,
a suavidade nas vozes, a levada gostosa e leve. Sem muita concordância, sem
maiores floreios, a música passa a mensagem de maneira suave, delicada e
direta.
Aproveitando
esse clima “natalino” – embora eu prefira chamar de consumista e hipócrita –
que pressupõe a valorização imediata das relações, dos valores considerados
importantes pela nossa sociedade e embalada pela “vibe” da música, fiquei pensando
sobre essa busca incessante que temos, enquanto humanos, por um ninho, um lar,
um colo para ser só nosso, um sorriso que tire a graça dos demais, um olhar que
nos deixe completamente desarmados, uma voz que nos faça sorrir com a mesma
inocência com a qual sorríamos enquanto crianças; a busca de alguém que traga
nossa inocência à tona e nos desperte todos aqueles sentimentos que nos faziam
sentir completos enquanto crianças. E não me refiro a cônjuges, me refiro a
relações no geral.
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Mesmo com o
mundo vivendo esse eterno colapso, consigo me sentir segura, cercada por relações
baseadas em sinceridade, confiança, alicerces firmes e bem fincados no solo,
mas que me fazem tocar as nuvens, pois me permitem ser exatamente como sou.
Consigo ter forças para me tornar, a cada dia, uma pessoa melhor, me fazer mais
e mais feliz, contribuir para que essas relações sejam cada vez mais belas e
fortes, imunes à erosão do tempo.
Hoje, posso
dizer que mesmo com todas as adversidades da vida, com os tropeços em degraus
ocos, sou extremamente feliz e grata pela minha vida. Posso viver despida de
máscaras e fantasias, posso andar descalça na chuva sem medo de ser atingida
por emoções, posso sentir a pele arrepiar sem entrar em pânico. Posso viver
meus ricos 22 anos, deitar e rolar na magia de ver a vida com leveza e
brincadeiras idiotas que roubam risos gostosos de quem eu amo, que fazem minha
cadela abanar o rabinho e fazer manha, que me fazem sentir bem sendo exatamente
quem e como sou.
Em suma,
posso dizer que estou construindo meu ninho dentro de mim mesma. Posso dizer
que sou grata à vida por ter colocado em meu caminho pessoas imunes à liquidez
da sociedade em que vivemos.
Sou grata
por ter minhas amigas escolhidas a dedo.
Sou grata
por estudar o que amo.
Sou grata
por minha família.
Sou grata
por acordar todos os dias e ver minha cadela explodir de alegria.
Sou grata
por poder sorrir e amar de forma leve.
Sou grata
por ser produto da minha história, por ter conseguido aprender a mudar a
cadeira de lugar e ver o pôr do sol quantas vezes quiser e por quantos ângulos
quiser.
Sou grata
até pelos espinhos que me machucaram tantas vezes e por tanto tempo, porque
eles me ensinaram o valor das flores.
E só para
não perder o hábito de fazer confusão no que escrevo:
Sou
grata por ter apre(e)ndido a gratidão e feito dela meu ninho!
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