Sim, meus queridos e queridas, o
ser humano é falho.
E, ao contrário do que se diz por
aí, ser falho não é motivo de vergonha, não é algo que deva ser escondido,
trancafiado a sete chaves naquele baú no fundo da alma, escondido de todo o
resto da humanidade, coberto com mil adereços que agradem ao coletivo, que caiba
dentro das caixas impostas pela “normalidade” higienista do começo do século
passado. Não há porque temer ter as falhas descobertas. Elas que nos fazem
humanos, elas que nos constituem enquanto sujeitos cientes de si mesmos, elas
que grifam nossa individualidade, elas que fazem com que sejamos encantadores
àqueles que nos veem sem julgamento no olhar.
Muitas
vezes, devido ao hábito de ter o indicador de outrem colado à face, antecipando
palavras rudes, acabamos soltando espinhos antes mesmo de conhecer o terreno em
que pisamos. Agir assim é ser falho? Sim, é. É feio? Não, não é. Aos olhos de
alguém com o coração aberto, pronto a acolher tais falhas, “defeitos de
fabricação”, essas falhas trazem à tona abraços, palavras aconchegantes, olhares
doces e repletos de compreensão, ouvidos prontos a acolher.
Mas uma
hora a gente aprende. Uma hora “cai a ficha” de que todos os seres humanos são
diferentes, e por mais que durante a vida tenhamos encontrado mais gente
disposta a nos puxar para baixo, há, sim, pessoas dispostas a
simplesmente nos acolher, sem pronunciar um “a”, sequer. Apenas nos colocar
dentro de um abraço com todas as nossas peculiaridades, limitações,
dificuldades e falhas.
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