segunda-feira, 9 de novembro de 2015

E agora? Nasci humana...

Sim, meus queridos e queridas, o ser humano é falho.
E, ao contrário do que se diz por aí, ser falho não é motivo de vergonha, não é algo que deva ser escondido, trancafiado a sete chaves naquele baú no fundo da alma, escondido de todo o resto da humanidade, coberto com mil adereços que agradem ao coletivo, que caiba dentro das caixas impostas pela “normalidade” higienista do começo do século passado. Não há porque temer ter as falhas descobertas. Elas que nos fazem humanos, elas que nos constituem enquanto sujeitos cientes de si mesmos, elas que grifam nossa individualidade, elas que fazem com que sejamos encantadores àqueles que nos veem sem julgamento no olhar.


            Muitas vezes, devido ao hábito de ter o indicador de outrem colado à face, antecipando palavras rudes, acabamos soltando espinhos antes mesmo de conhecer o terreno em que pisamos. Agir assim é ser falho? Sim, é. É feio? Não, não é. Aos olhos de alguém com o coração aberto, pronto a acolher tais falhas, “defeitos de fabricação”, essas falhas trazem à tona abraços, palavras aconchegantes, olhares doces e repletos de compreensão, ouvidos prontos a acolher.
            Mas uma hora a gente aprende. Uma hora “cai a ficha” de que todos os seres humanos são diferentes, e por mais que durante a vida tenhamos encontrado mais gente disposta a nos puxar para baixo, há, sim, pessoas dispostas a simplesmente nos acolher, sem pronunciar um “a”, sequer. Apenas nos colocar dentro de um abraço com todas as nossas peculiaridades, limitações, dificuldades e falhas.


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