Conforme ela seguia as curvas da
estrada rodeada por um verde indescritível, eu não conseguia avaliar com
precisão a paz e alegria que se instalaram dentro de mim.
-
Hey, onde você está? – Disse, sorrindo e colocando a mão em minha perna,
apertando meu joelho.
-
Estava longe, meu bem. Muito longe. – Respondi, colocando minha mão sobre a dela
e entrelaçando nossos dedos.
-
Ei, dorminhoca, chegamos.
Abri os olhos e me deparei com
seu sorriso ao meu lado esquerdo, seus dedos entre meu cabelo e uma paisagem
deslumbrante ao lado direito; areia quase branca, fofa, água transparente,
azulada, cheiro de mar.
Já devidamente acomodadas, ela
esticou a esteira ao meu lado e deitou-se. Nos olhamos e apenas sorrimos. Fechei
os olhos, suspirei e me entreguei aos raios do Sol tomando cada pedacinho do
meu corpo.
Tentei entender como era possível
alguém ser dona de uma simplicidade tão sofisticada, desprovida de maiores
luxos e frescuras (daquelas que nos enchem os olhos) e ainda assim ser tão
absurdamente envolvente e encantadora. Ela era simplesmente ela, e isso a fazia
tão encantadora, tão simplesmente
encantadora.
Ela era como aquela orquídea na
sala. Sozinha, sem enfeites, sem mais flores, dentro de um vaso transparente.
Enfeita, perfuma, colore, encanta, embriaga.
Baudelaire sempre foi um de meus poetas
preferidos. Um dos que me roubam o coração. Suas palavras sempre vieram como
flechas. E em um de seus escritos, ele diz:
É preciso que te embriagues sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de
virtude?
A teu gosto, mas embriaga-te.
[...]
Para não ser como os escravos
martirizados pelo tempo, embriaga-te.
De vinho, de poesia ou de virtude.
A teu gosto.
Ela me deixava completamente
embriagada. De poesia e de virtude, de doçura e voracidade, de inteligência e
simplicidade, de instinto e vulgaridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário